Candidozyma auris (também conhecida como Candida auris) foi descrita pela primeira vez em 2009, no Japão, como um colonizador do ouvido de um paciente. Desde então, emergiu de forma independente em diversos continentes, com casos relatados na Coreia do Sul, Índia, Reino Unido, Estados Unidos, entre outros.
Na América do Sul, o primeiro registro de Cdz. auris ocorreu na Colômbia, em 2012, seguido pela Venezuela em 2013. A partir de então, a espécie rapidamente se tornou prevalente nesses países. Posteriormente, outros países sul-americanos também começaram a registrar casos: em dezembro de 2019, o Chile confirmou sua primeira ocorrência, seguido pelo Peru em 2020, durante a pandemia da COVID-19.
Atualmente, todos os países da América Latina já relataram casos de Cdz. auris, e no mapa a seguir podemos observar o número de casos reportados nos países.
Fonte: https://doi.org/10.1016/j.mycmed.2025.101546
No Brasil, essa levedura foi descrita em dezembro de 2020 em uma unidade de terapia intensiva de COVID-19, localizada em Salvador. Após isso, no final de 2021, foi identificado o primeiro caso de Cdz. auris no estado de Pernambuco.
Atualmente, Pernambuco é o epicentro de Cdz. auris no Brasil, com 48 casos confirmados em 2022 em dois hospitais públicos, resultando no nono surto desde o primeiro caso no final de 2021. Em 2023, ainda em Pernambuco, ocorreram outros seis surtos com 14 casos em seis hospitais. Em 2024, foi registrado um novo surto com 5 casos no mesmo hospital, além de 3 casos de colonização e 2 de infecção.
Em junho de 2023 foi relatado o primeiro caso no estado de São Paulo, na cidade de Campinas. No mesmo ano, porém em setembro, o estado do Rio de Janeiro reportou seu primeiro caso de Cdz. auris na cidade de São Gonçalo. No ano seguinte, em Março de 2024, foi relatado o segundo caso no estado, na cidade de Nova Iguaçu, e no decorrer do ano, foram relatados casos na cidade de Belo Horizonte no estado de Minas Gerais. No inicio de 2025 foi registrado um novo surto na cidade de São Paulo.
É importante destacar que Cdz. auris emergiu nos diferentes países de forma independente e até o presente momento foram registrados seis clados (grupamento genéticos) que foram nomeados após a primeira região de registro, sendo estes: clado I (sul-asiático), clado II (leste-asiático), clado III (africano), clado IV (sul-americano), clado V (iraniano) e clado VI (indomalaio). Esse grupamento é de extrema importância epidemiólgica, pois os clados I, III e IV são caracterizados por altas taxas de resistência, principalmente contra azóis, enquanto os clados II, V (iraniano) e VI são geralmente suscetíveis aos antifúngicos, assim como os clados I, III, IV e VI foram relatados por causarem surtos, enquanto os clados II e V estão associados à colonização humana da pele e do canal auditivo externo.
No Brasil, até o presente momento foram relatados a presença dos clados I e IV, entretando, diferente do descrito anteriormente, os isolados brasileiros apresentam baixa resistêcia os antifúngicos utilizados para o tratamento de Cdz. auris.
A seguir apresentamos uma lista de informações importantes sobre Cdz. auris:
As infecções por essa levedura apresentam um grande risco para pacientes imunocomprometido e hospitalizados por grandes períodos;
Essa levedura permanece no ambiente devido sua alta capacidade de adesão a superfícies;
Sanitizantes que são comumente utilizados em hospitais a base de quaternário de amônio (hexadeciltrimetilamônio ou cetrimida, clorexidina, cloreto de benzalcônio, etc.) apresentam baixa eficiência contra essa levedura;
Para higienização das superfícies, deve-se utilizar sanitizantes a base de hipoclorito de sódio (água sanitária) a 1.000 partes por milhão (ppm) ou peróxido de hidrogênio (água oxigenada) na concentração <1%;
A melhor estratégia de combate contra Cdz. auris é seguir as boas práticas de controle de infecção, como por exemplo, a lavagem correta das mãos, limpeza adequada das superfícies, entre outros;
Dependendo do método de identificação essa levedura pode ser confundida com outras espécies, como: Candida parapsilosis, Candidozyma haemuli,
Candidozyma duobushaemuli, entre outras.
Para mais informações, acesse a nota técnica da Anvisa, disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/notas-tecnicas-vigentes/nota-tecnica-gvims-02_2022-c-auris-revisao-2024-12-12-2024.pdf/view
Fontes utilizadas:
https://www.youtube.com/watch?v=9QQd_M0ziE0
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1156523325000150?via%3Dihub#bbib0017
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/myc.13752
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/myc.13320
https://www.mdpi.com/2309-608X/7/3/220
Fortalecimento de um Sistema Brasileiro de Vigilância e Prevenção da Resistência Antimicrobiana (RAM)
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