A resistência antimicrobiana é um dos maiores desafios para a saúde pública global, tornando essencial a classificação precisa dos perfis de suscetibilidade bacteriana aos antimicrobianos. Essa prática é fundamental para orientar a escolha correta da terapia, reduzir a seleção de microrganismos resistentes e promover melhores desfechos clínicos para os pacientes.

Tradicionalmente, o termo “resistência intrínseca” é utilizado para descrever a incapacidade de determinados antimicrobianos atuarem contra certas bactérias, decorrente de características inerentes à espécie, como propriedades estruturais, fisiológicas ou metabólicas que tornam o antimicrobiano ineficaz. No entanto, diante das dificuldades de interpretação, o EUCAST (European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing) substituiu o termo “intrínseco” por “fenótipo esperado resistente e sensível”.

Os conceitos de fenótipos esperados descrevem o padrão típico de resistência ou sensibilidade de uma espécie bacteriana a determinados antimicrobianos. Essa definição é importante para validar tanto a identificação das espécies bacterianas quanto os resultados dos testes de suscetibilidade antimicrobiana. Além disso, esse conceito ajuda a evitar a realização de testes de suscetibilidade desnecessários. A detecção de um fenótipo inesperado indica a necessidade de confirmar tanto a identificação da espécie quanto os resultados dos testes de suscetibilidade.

O fenótipo esperado resistente (anteriormente conhecido como resistência intrínseca) ocorre quando mais de 90% dos isolados de uma espécie ou grupo de espécies são universalmente resistentes a um antimicrobiano. Nesse contexto, um resultado de sensibilidade (S) ou sensível, aumentando a exposição (I) é inesperado e deve ser tratado com desconfiança.

Já o fenótipo esperado sensível refere-se àquelas espécies em que mais de 99% dos isolados são universalmente sensíveis a um antimicrobiano específico. Assim, quando um resultado de resistência é observado, ele deve ser tratado com cautela, pois indica um possível erro na identificação da espécie ou nos testes de suscetibilidade antimicrobiana. Além disso, o resultado de resistência pode indicar a presença de um mecanismo de resistência antimicrobiana adquirido, o qual deve ser confirmado por métodos de referência e, preferencialmente, por sequenciamento do genoma.

As tabelas de fenótipos esperados desempenham um papel fundamental para promover a acurácia dos resultados de identificação bacteriana e dos testes de suscetibilidade aos antimicrobianos, contribuindo para o direcionamento correto da antibioticoterapia e para a prevenção do avanço da resistência antimicrobiana.

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Por Dra. Daiana Cristina Silva Rodrigues

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