O G20, um fórum que reúne as principais economias do mundo, desempenha um papel crucial nas discussões sobre os maiores desafios globais. Em 2024, sob a presidência do Brasil, a resistência aos antimicrobianos (RAM) emergiu como uma das principais prioridades na agenda de saúde.
O G20 e a Luta contra a RAM
Ao longo de 2024, o Brasil, como presidente do G20, promoveu diversas iniciativas para abordar a RAM. Destaca-se a 4ª Reunião do Grupo de Trabalho da Saúde do G20, realizada em Natal, qual reuniu líderes globais, formuladores de políticas e especialistas para discutir estratégias eficazes de combate à RAM.
Vários eventos paralelos, como o organizado pela Quadripartite Joint Secretariat on AMR (QJS) e o liderado pela Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, a Dr.ᵃ Ethel Maciel, destacaram a importância de aumentar o financiamento para a resposta global à RAM e mobilizar ações concretas (https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/setembro/resistencia-aos-antimicrobianos-e-tema-da-abertura-da-reuniao-do-g20-em-natal)
A Declaração de Líderes e o Compromisso com a RAM
A Declaração de Líderes do G20, publicada em novembro de 2024, reafirmou o compromisso dos países membros em enfrentar a RAM. O documento destaca a necessidade de uma abordagem “Uma Só Saúde”, que reconhece as interconexões entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental.
Trecho da Declaração de Líderes sobre a RAM:
“Nós enfatizamos avançar com uma abordagem de Saúde Única (One Health), reconhecendo as interconexões entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental, bem como a necessidade de enfrentar a resistência antimicrobiana.”
O que isso significa?
A inclusão da RAM na Declaração de Líderes do G20 demonstra o reconhecimento global da gravidade dessa ameaça à saúde pública. Ao adotar uma abordagem “Uma Só Saúde”, os líderes do G20 estão sinalizando a importância de ações coordenadas em diversos setores para combater a RAM, desde a saúde humana até a agricultura e o meio ambiente.
Por que a RAM é tão importante?
A resistência aos antimicrobianos representa uma séria ameaça à saúde global, com o potencial de reverter os avanços da medicina moderna. Se não forem tomadas medidas urgentes, infecções comuns podem se tornar novamente fatais, colocando em risco milhões de vidas. A RAM é diretamente responsável por 1,3 milhão de mortes e contribui para outros cinco milhões de mortes anualmente. Caso nada seja feito, a projeção de mortes atribuídas à RAM, será de 39 milhões de mortes atribuída até 2050. (Global burden of bacterial antimicrobial resistance 1990–2021: a systematic analysis with forecasts to 2050 )
Procedimentos médicos mais complexos e prolongados, maior tempo de internação hospitalar e a necessidade de desenvolver novos antibióticos são apenas alguns dos fatores que elevam os custos dos sistemas de saúde. Além disso, a RAM pode levar à perda de produtividade, à redução do turismo e à diminuição da confiança dos consumidores em produtos de origem animal. Estima-se que, se não for controlada, a resistência antimicrobiana possa causar perdas econômicas catastróficas, devido a um custo anual estimado em até US$ 3,4 trilhões até 2030. Também deverá levar 28 milhões de pessoas à pobreza até 2050, impactando diretamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas (https://amr-review.org/sites/default/files/160518_Final%20paper_with%20cover.pdf)
A RAM pode causar uma diminuição de 1,1% no PIB mundial em 2050, num cenário otimista de baixa resistência. Num cenário pessimista de elevada resistência, a diminuição do PIB mundial pode chegar a 3,8% em 2050.
Cinco razões para nos preocuparmos com a resist_ência aos agentes antimicrobianos (RAM)
O que podemos esperar no futuro?
A inclusão da RAM na agenda do G20 é um passo importante na direção de uma resposta global mais coordenada e eficaz. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito. É fundamental que os países membros do G20 honrem seus compromissos e implementem as medidas necessárias para combater a RAM.
A Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública, integrante da coordenação do projeto vigiRAM, marcou presença no evento com a participação de André Abreu, membro da delegação brasileira, que contribuiu para a promoção da resistência aos antimicrobianos como um grave problema de saúde pública e de impacto econômico. Também representando a coordenação, Débora Kulek atuou como oficial de ligação junto às delegações internacionais, incluindo a FAO, que integra a Quadripartite
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Leia a declaração completa: G20 Rio de Janeiro Leaders Declaration (PT).pdf
Matéria: Débora Kulek
Fortalecimento de um Sistema Brasileiro de Vigilância e Prevenção da Resistência Antimicrobiana (RAM)
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